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A China de Jaime Caetano Braun

21/09/2021

 

E A CHINA?

                           “A china eu nunca mais vi, no meu gauderiar andejo, somente em sonhos a vejo, num bárbaro frenesi, talvez ande por aí, nos rodeios das alçadas, ou talvez nas madrugadas, seja mais uma estrela Chirúa, dessas que se banham nuas, no espelho das aguadas”. Com esse verso, Jaime Caetano Braun finaliza um dos mais famosos poemas de sua autoria, intitulado Bochincho.  A china aqui tratada não é o país asiático, muito conhecido em razão da trágica pandemia que vivemos. Trata-se da prenda gaúcha esquecida, ou no mínimo mal tratada por mais de dois séculos. Nesta semana comemorou-se mais um aniversário da Revolução Farroupilha,  deflagrada em 20 de setembro de 1835, e que perdurou até 28 de fevereiro de 1845. Este ano, e já não era sem tempo, o Movimento Tradicionalista Gaúcho decidiu homenagear a mulher gaúcha. E o CTG Querência Farroupilha irmana-se a essas homenagens para dedicar este pequeno texto a todas as mulheres. A gaúcha é descendente de europeus ibéricos que miscigenaram com as índias nativas o que resultou no chamado caboclo ou mameluco. Esse caboclo de origem portuguesa foi chamado de guasca e o de origem espanhola foi chamado paisano. Guascas e paisanos cruzaram com a negra resultando com isso essa raça forte, aguerrida, melancólica, destemida e leal chamada gaúcha. Tristemente essa miscigenação não se deu pela conquistaou sedução com rosas, nem com poesias. Mas passado é passado. Essa gaúcha era chamada China e tal qual o gaúcho não gozava de prestígio. Era uma mulher solta, sofrida e desprezada pelas famílias. Mas passado é passado. E tal qual o gaúcho soube conquistar seu espaço e hoje recebe o respeito que merece, sendo tratada de prenda. Talvez os versos de Vitor Hugo traduzam a melhor homenagem que se pode prestar a uma mulher, pois a enaltece, sem desmerecer o homem. Para não abusar do espaço desta coluna, nos valemos de apenas alguns versos do poema Homem e Mulher de Vitor Hugo, para homenagear as mulheres: “A mulher é o mais sublime dos ideais. Se Deus fez para o homem um trono; para a mulher fez um altar. O trono exalta; o altar santifica. O homem é o gênio; a mulher o anjo. O gênio é imensurável; o anjo indefinível.  O homem é forte pela razão; a mulher invencível pelas lágrimas. A razão convence; a lágrima comove. O homem á capaz de todos os heroísmos; a mulher de todos os martírios. O heroísmo enobrece; os martírios sublimam. O homem é o templo; a mulher um sacrário. Ante o templo, nos descobrimos; ante um sacrário nos ajoelhamos. Enfim, o homem está colocado onde termina a terra; a mulher onde começa o céu.....Salve a mulher gaúcha e todas as mulheres. Salve a China.


Valdecir Vargas Castilho 
Cônsul Honorário de Rio Grande do Sul Em São Paulo